O que significa Transtorno Bipolar

O que significa transtorno bipolar

O que significa transtorno bipolar

Para entender o que significa transtorno bipolar (TB), é preciso lembrar que todas as condições tratadas pela psiquiatria repousam sob o mesmo guarda-chuva.

Ou seja, seu reconhecimento como doença foi dado por uma imposição contextual, ideológica e histórica, pela circunscrição de critérios subjetivos de comportamento. E o diagnóstico é sempre dependente do grau de empatia e conhecimento do examinador.

A TB na sua fase maníaca pode ter diagnóstico diferencial com a esquizofrenia, mas se diferencia pelo tipo das alucinações, que contém sempre a ideação de grandeza e/ou de poder e não de perseguição pura, como na esquizofrenia clássica.

Os episódios depressivos aparecem conectados às ideações de grandeza, e são sequenciais, como se estivessem abaixo na graduação de um termômetro.

De qualquer forma, o humor que não consegue se equilibrar entre dois extremos, é estabelecido como desvio da chamada normalidade.

Como entender de forma simples o que significa transtorno bipolar

De um modo geral a condição se caracteriza por uma espécie de desregulação do termostato afetivo: ora exageradamente voltado para o Ego: dando-se importância, fazendo o que se quer e se achando poderoso, ora voltado para o descaso de si mesmo, acreditando-se não merecedor das regalias.

Na nomenclatura, a mudança de psicose para transtorno refletiu uma mudança positiva no paradigma de abordagem, tornando a definição mais ampla e colocando ênfase nos aspectos psicopatológicos, de modo a permitir uma observação quantitativa e qualitativa na gestão das crises.

Diferente da esquizofrenia, o transtorno bipolar não leva a quebra progressiva da personalidade. Entretanto a TB pode levar a uma deterioração cognitiva causada pela iatrogenia medicamentosa.

Não existe causa orgânica ou genética estabelecida, embora numerosos estudos tenham indicado algumas correlações importantes, bem como a clara ocorrência em membros da mesma família.

A condição é diagnosticada mediante aplicação de critérios diagnósticos, e dependendo da percepção do examinador, pode instituir uma situação mais ou menos complicada para o paciente.  Ou seja, se houver intolerância aos sintomas é possível que a abordagem medicamentosa prepondere sobre a psicodinâmica.

O carbonato de lítio é um medicamento ainda usado na abordagem do transtorno e sabe-se que requer monitoramento clínico por ser extremamente tóxico.  

Portanto, uma abordagem psicoterapêutica que mescle o treino comportamental com técnicas de autoconhecimento, pode favorecer uma diminuição de medicamentos e consequente redução de riscos de iatrogenia.

Dentre as abordagens psicodinâmicas mais indicadas, temos a Terapia cognitivo Comportamental (TCC) e a Psicoeducação.

Ambas as abordagens têm foco em treinar o paciente a reconhecer o surgimento das crises e, assim, reconhecendo seus pródromos, poderá atuar proativamente no sentido de ajustar-se e acionar sua equipe de apoio.

Entretanto, ao aprender mais sobre o transtorno, os pacientes podem experimentar desconforto emocional ao confrontar a natureza crônica e recorrente de sua condição, e criar expectativas negativas sobre o próprio funcionamento emocional.

Além do mais, a eventual falha no suporte ofertado por seu grupo de apoio pode ser fonte de aumento da ansiedade e piora do próprio quadro.

Um outro problema frequente dessa abordagem é dar demasiado foco na condição em si e menos atenção às características da pessoa, podendo reduzir a identidade dela ao seu diagnóstico.

Essa consequência também leva a um aumento do estigma sobre a doença, perpetuando a estereotipia e a indesejada generalização, que supõe que todas as pessoas com TB possuem as mesmas reações e causalidades.

Da mesma forma, a padronização de condutas e a necessidade do monitoramento de sintomas requerida por essas terapias pode ser fonte de elevada angústia se não for associada a abordagens psicoterapêuticas que priorizem o autoconhecimento, permitindo a pessoa entender por si mesma o que significa transtorno bipolar para ela.

A Ketamina no tratamento da depressão

A Ketamina no tratamento da depressão
A Ketamina no tratamento da depressão
 

Vamos conhecer um pouco sobre a Ketamina, um medicamento que pode representar uma mudança de paradigma no tratamento da depressão.

Este medicamento foi inicialmente desenvolvido como anestésico e é conhecido por seu efeito dissociativo. Tem sido estudado e utilizado em uma variedade de contextos médicos e terapêuticos, pois sabe-se que ele promove um aumento da liberação de neurotransmissores relacionados à melhora de humor.

Ele age bloqueando os receptores de glutamato (chamados NMDA), o que resulta em um aumento na liberação de outros neurotransmissores, como a dopamina, a noradrenalina e a serotonina.

A droga consegue induzir efeitos antidepressivos rápidos, muitas vezes em questão de horas após a administração, em comparação com os tratamentos convencionais que podem levar semanas para mostrar resultados. Além disso, o efeito pareceu ser duradouro.

Sabemos que com doses um pouco maiores podem aparecer experiências perceptivas descritas como “psicodélicas”, e é essa a causa da utilização recreativa da droga.

Entretanto, esses efeitos são bastante peculiares, levando o paciente a um estado que pode ser chamado de experiência mística.

Esse estado traz vivências que deixam impressões importantes no paciente mesmo tempos depois de encerrado o uso.

Muitos pesquisadores que trabalham uma linha mais aberta, recomendam que essas vivências sejam estudadas com o paciente durante sessões de psicoterapia.

Porém, o estudo direto dessas experiências é de acesso difícil à ciência formal, seja por falta de protocolos adequados, ou por falta de interesse comercial.

A dificuldade não está apenas em criar parâmetros que possam acolher os padrões da experiência, mas também em enfrentar a egrégora criada contra esse tipo de substância.

Alega-se que as drogas psicodélicas podem instaurar quadros psicóticos graves e irreversíveis em algumas pessoas.

Entretanto, pacientes tratados de forma psicodinâmica em ambientes assistidos por profissionais, referem grandes progressos e melhora de seus sintomas.

Para a ciência, as alucinações são apenas sintomas patológicos, mas muitas experiências relatadas comprovam que existem alucinações que são verdadeiras experiências de vida, fornecendo insights e aprendizados poderosos.

Portanto, seja qual for a natureza dessas experiências, podem trazer benefícios ao paciente se tiverem acompanhamento adequado.

Ketamina e Tratamento da Depressão

Alguns pesquisadores entendem que os efeitos psicodélicos são os principais componentes terapêuticos da abordagem com o medicamento.

Entretanto, melhorar os sintomas da depressão pode ser considerado um objetivo mais fácil de ser alcançado.

O candidato à terapia precisa ser cuidadosamente avaliado, tanto clinicamente quanto sob o ponto de vista psíquico, e deve ter claro se deseja apenas eliminar seu desconforto ou se deseja ir mais a fundo em suas motivações inconscientes.

A dissociação e os efeitos psicodélicos podem fornecer insights e experiências poderosas, mas eles também podem ser fonte de elevada angústia para algumas pessoas, o que não é possível prever.

Dentro da psicofarmacologia, para um medicamento ser aprovado, ele precisa ter efeitos objetivos dentro da tríade Doença-Diagnóstico-Tratamento.

Ou seja, antes do medicamento existir, é preciso uma definição prévia da doença que ele vai tratar. E é preciso definir o que é efeito desejado e o que é efeito colateral.

No caso, o objetivo é a melhora dos sintomas descritos no DSM V para depressão, enquanto os efeitos psicodélicos vão continuar sendo apenas efeitos colaterais.

O resultado se assemelha aos efeitos da beberagem de Ayahuasca e Santo Daime, mas acessar a base terapêutica dessas experiências ainda é um tabu na comunidade científica, pois o fenômeno alia subjetividade a um fenômeno de caixa-preta.  E não temos como abordar isso.

Por ora, já é um grande avanço ver o tratamento com Ketamina ser paulatinamente aceito na abordagem da depressão. Mas é preciso ir mais a fundo nos seus fenômenos psicodélicos, pois é o que parece ser a melhor solução.