Como a Gameterapia pode salvar sua Saúde Mental

Como a Gameterapia pode salvar sua Saúde Mental
Como a Gameterapia pode salvar sua Saúde Mental
 

Nada supera a experiência! E é fato que os insights são importantes para curar os males de nossa alma, mas as reflexões mais profundas podem advir tanto de vivências diretas como de processos de Gameterapia.

Muitas pesquisas têm demonstrado que a imersão em mundos simulados tem sido imensamente eficiente em promover cura emocional. E este aspecto tem favorecido o crescimento de uma promissora modalidade terapêutica.

Os jogos têm sido usados em contextos terapêuticos há décadas, mas seu uso tem se popularizado e se formalizado cada vez mais nas últimas duas ou três décadas.

O reconhecimento da eficácia dos jogos como uma ferramenta terapêutica ganhou impulso à medida que mais pesquisas foram realizadas para investigar seus benefícios e aplicabilidades em diversas áreas da saúde mental.

De um modo geral, os games permitem aquisição de experiências que não seriam otidas de outra forma, só sendo possíveis dentro de uma realidade simulada.

Considerando que as experiências de uma vida são limitadas, os jogos seriam uma forma segura de potencializar aprendizados e vivências.

Entendemos que eles podem fornecer reflexões de variados níveis de profundidade, chegando a se equiparar (talvez superar em alguns casos) as reflexões proporcionadas por artes como literatura e cinema, com a vantagem de permitir a imersão vivencial e a interação criativa com o contexto de cada obra.

Contexto moderno da Gameterapia

Os jogos têm sido usados cada vez mais como uma ferramenta eficaz em psicoterapias, proporcionando uma maneira única de explorar e abordar questões emocionais.

Muitas vezes, os pacientes podem achar difícil expressar suas emoções verbalmente. Então os jogos se apresentam como alternativa para expressar sentimentos e pensamentos. Por exemplo, jogos de tabuleiro ou de cartas que incentivam a discussão sobre as emoções dos personagens ou que exigem a identificação e expressão de sentimentos podem ser usados para facilitar a comunicação emocional.

Jogos de simulação e jogos de papéis (RPG) podem ser usados para praticar e desenvolver habilidades sociais, como comunicação assertiva, resolução de conflitos e empatia.

Os pacientes podem experimentar diferentes papéis dentro do contexto do jogo, o que lhes permite praticar novos comportamentos e estratégias de interação social em um ambiente seguro e controlado.

Também há os jogos que envolvem reflexão e auto exploração, que ajudam os pacientes a aumentarem sua conscientização sobre si mesmos e compreender melhor seus valores e motivações. Por exemplo, jogos de cartas com perguntas provocativas podem incentivar a reflexão sobre experiências passadas, aspirações futuras e identidade pessoal.

Já os jogos cooperativos e de equipe podem ajudar os pacientes a desenvolverem confiança em si mesmos e nos outros, promovendo um senso de realização e pertencimento. A experiência de trabalhar em equipe para alcançar um objetivo comum pode fortalecer a autoestima e a autoeficácia dos participantes.

Jogos de relaxamento, como quebra-cabeças, jogos de construção ou jogos de arte terapêutica, podem ajudar os pacientes a reduzirem o estresse e a ansiedade, promovendo a concentração, o relaxamento e a expressão criativa. Esses jogos proporcionam uma pausa nas preocupações e permitem retirar o foco de pensamentos intromissivos.

Muitas vezes, os jogos fornecem metáforas ou analogias para as experiências de vida dos pacientes, permitindo que eles explorem e compreendam melhor seus problemas e desafios. Por exemplo, um jogo de labirinto pode representar a jornada pessoal do paciente em busca de soluções para seus problemas, enquanto um jogo de construção pode simbolizar o processo de reconstrução da autoimagem e identidade.

A Gameterapia não é apenas uma nova técnica de tratamento em Saúde Mental, mas uma forma inovadora de aprofundar a própria atuação arte terapêutica, provendo experiências ainda mais relevantes de autoconhecimento.

A Mente Humana como um Sistema Entrelaçado

A mente humana como sistema entrelaçado
A mente humana como sistema entrelaçado
 

A mente, de acordo com a ciência formal, é um sistema complexo que emerge da atividade do cérebro. Essa perspectiva, conhecida como materialismo reducionista, afirma que todos os fenômenos mentais, desde pensamentos e emoções até percepções e ações, podem ser explicados em termos de processos físicos e químicos que ocorrem no cérebro.

Há evidências que sustentam o materialismo reducionista, e estas se baseiam nas atividades cerebrais localizadas que podem ser medidas por instrumentos diagnósticos (como ressonância magnética funcional e eletroencefalografia) e observadas indiretamente através de lesões cerebrais e do efeito da ação de drogas psicoativas.

Entretanto, o materialismo reducionista não consegue explicar como a experiência subjetiva da consciência surge da atividade física do cérebro.

O que todas essas técnicas fazem é medir o resultado da atividade cerebral em termos de localização anatômica, presença de neurotransmissores e impulsos elétricos, mas não são capazes de decodificar o conteúdo do pensamento em sua totalidade e complexidade.

Partindo de análise reversa dessas medições, a ciência consegue relacionar esses estados inespecíficos a um conteúdo mental grosseiramente previsível.  Entretanto, não há conteúdo que possa ser inferido ou obtido diretamente dessa atividade cerebral.

Já o Dualismo afirma que a mente e o corpo são duas substâncias distintas. Assim como o Idealismo propõe que a mente é a realidade fundamental e o universo físico é apenas uma projeção da mente.

Enquanto isso, as teorias da mente quântica sugerem que os princípios da mecânica quântica podem ser aplicados para explicar o funcionamento da mente.

Diametralmente, o ocultismo pressupõe a Mente como uma matéria completamente apartada do corpo, sincronizada com o cérebro através do veículo astral.

A ciência formal oferece uma visão da mente como um sistema complexo que emerge da atividade do cérebro. No entanto, ainda há muitos aspectos da mente que não podem ser explicados pelo materialismo reducionista.

A mente humana pode ser um sistema entrelaçado?

A ideia de que a mente pode ser um sistema quântico entrelaçado desafia as concepções tradicionais de consciência e realidade.

O entrelaçamento quântico é um fenômeno peculiar em que duas ou mais partículas se tornam interligadas de tal forma que o estado de uma partícula instantaneamente determina o estado da outra, mesmo que estejam espacialmente separadas por grandes distâncias.

Se a mente operasse com base no entrelaçamento, significaria que pensamentos, emoções e memórias não estariam confinados ao cérebro, mas sim conectados a um campo de informação mais amplo. Isso poderia explicar diversos fenômenos como telepatia, déjà vu e experiências de quase morte.

Entretanto, o próprio conceito de entrelaçamento precisa evoluir de modo a abarcar sistemas mais complexos que as meras partículas fundamentais onde foi primeiramente reconhecido. E assim, no mundo macroscópico o entrelaçamento quântico pode ser entendido como um estado de sincronismo.

Mas há cientistas que correlacionam estados mais simples, como o fato de prestar atenção a uma bela música, como passível de ser a base para a explicação.

A investigação dessa possibilidade abre um leque de questionamentos e oportunidades para a ciência, a filosofia e a espiritualidade, mas as ciências cognitivas e as chamadas neurociências insistem, mesmo à revelia de uma lógica mais ampla, que tudo ocorre dentro do cérebro.

Alguns estudos realizados com eletroencefalografia (EEG) mostraram que a atividade cerebral de duas pessoas em estado meditativo pode ficar sincronizada, sugerindo a presença de um campo de informação compartilhado. Outros estudos demonstram que prótons de um cérebro atento a algo que o interesse entra espontaneamente em estado entrelaçado!

Igualmente a telepatia, a clarividência e a precognição, embora ainda não comprovados cientificamente, podem ser explicados pelo entrelaçamento quântico, que permitiria a comunicação instantânea entre mentes.

Relatos de pessoas que experimentaram a morte clínica frequentemente mencionam uma sensação de paz, luz e conexão com algo maior que si mesmas, bem como acesso a informações reservadas, o que pode ser interpretado como uma experiência do campo entrelaçado.

Entretanto, a maioria dos estudos que sugerem a presença de entrelaçamento na mente humana ainda são inconsistentes e não foram replicados por outros cientistas.

Se a mente é um sistema entrelaçado, ainda não se sabe como o entrelaçamento se manifesta no nível biológico e como ele interage com o cérebro físico, mas a ideia de que a mente não está confinada ao corpo levanta questões sobre a natureza da consciência, do livre arbítrio e da identidade pessoal.

Portanto a investigação da mente como um sistema entrelaçado é um campo de pesquisa promissor, mas ainda incipiente. Apesar dos desafios e objeções, a possibilidade de que a mente esteja conectada a um campo de informação mais amplo abre portas para uma nova compreensão da consciência e do nosso lugar no universo. As pesquisas nesse campo podem ter um impacto profundo na nossa compreensão da realidade, da mente humana e do futuro da humanidade.

O que significa Transtorno Bipolar

O que significa transtorno bipolar

O que significa transtorno bipolar

Para entender o que significa transtorno bipolar (TB), é preciso lembrar que todas as condições tratadas pela psiquiatria repousam sob o mesmo guarda-chuva.

Ou seja, seu reconhecimento como doença foi dado por uma imposição contextual, ideológica e histórica, pela circunscrição de critérios subjetivos de comportamento. E o diagnóstico é sempre dependente do grau de empatia e conhecimento do examinador.

A TB na sua fase maníaca pode ter diagnóstico diferencial com a esquizofrenia, mas se diferencia pelo tipo das alucinações, que contém sempre a ideação de grandeza e/ou de poder e não de perseguição pura, como na esquizofrenia clássica.

Os episódios depressivos aparecem conectados às ideações de grandeza, e são sequenciais, como se estivessem abaixo na graduação de um termômetro.

De qualquer forma, o humor que não consegue se equilibrar entre dois extremos, é estabelecido como desvio da chamada normalidade.

Como entender de forma simples o que significa transtorno bipolar

De um modo geral a condição se caracteriza por uma espécie de desregulação do termostato afetivo: ora exageradamente voltado para o Ego: dando-se importância, fazendo o que se quer e se achando poderoso, ora voltado para o descaso de si mesmo, acreditando-se não merecedor das regalias.

Na nomenclatura, a mudança de psicose para transtorno refletiu uma mudança positiva no paradigma de abordagem, tornando a definição mais ampla e colocando ênfase nos aspectos psicopatológicos, de modo a permitir uma observação quantitativa e qualitativa na gestão das crises.

Diferente da esquizofrenia, o transtorno bipolar não leva a quebra progressiva da personalidade. Entretanto a TB pode levar a uma deterioração cognitiva causada pela iatrogenia medicamentosa.

Não existe causa orgânica ou genética estabelecida, embora numerosos estudos tenham indicado algumas correlações importantes, bem como a clara ocorrência em membros da mesma família.

A condição é diagnosticada mediante aplicação de critérios diagnósticos, e dependendo da percepção do examinador, pode instituir uma situação mais ou menos complicada para o paciente.  Ou seja, se houver intolerância aos sintomas é possível que a abordagem medicamentosa prepondere sobre a psicodinâmica.

O carbonato de lítio é um medicamento ainda usado na abordagem do transtorno e sabe-se que requer monitoramento clínico por ser extremamente tóxico.  

Portanto, uma abordagem psicoterapêutica que mescle o treino comportamental com técnicas de autoconhecimento, pode favorecer uma diminuição de medicamentos e consequente redução de riscos de iatrogenia.

Dentre as abordagens psicodinâmicas mais indicadas, temos a Terapia cognitivo Comportamental (TCC) e a Psicoeducação.

Ambas as abordagens têm foco em treinar o paciente a reconhecer o surgimento das crises e, assim, reconhecendo seus pródromos, poderá atuar proativamente no sentido de ajustar-se e acionar sua equipe de apoio.

Entretanto, ao aprender mais sobre o transtorno, os pacientes podem experimentar desconforto emocional ao confrontar a natureza crônica e recorrente de sua condição, e criar expectativas negativas sobre o próprio funcionamento emocional.

Além do mais, a eventual falha no suporte ofertado por seu grupo de apoio pode ser fonte de aumento da ansiedade e piora do próprio quadro.

Um outro problema frequente dessa abordagem é dar demasiado foco na condição em si e menos atenção às características da pessoa, podendo reduzir a identidade dela ao seu diagnóstico.

Essa consequência também leva a um aumento do estigma sobre a doença, perpetuando a estereotipia e a indesejada generalização, que supõe que todas as pessoas com TB possuem as mesmas reações e causalidades.

Da mesma forma, a padronização de condutas e a necessidade do monitoramento de sintomas requerida por essas terapias pode ser fonte de elevada angústia se não for associada a abordagens psicoterapêuticas que priorizem o autoconhecimento, permitindo a pessoa entender por si mesma o que significa transtorno bipolar para ela.

Você prefere ter boa reputação ou bom caráter?

Boa reputação ou bom caráter
Boa reputação ou bom caráter
Boa reputação ou bom caráter

Caráter é diferente de Reputação porque o segundo precisa de uma plateia, mas não o primeiro. E aqui cabe pensar o quanto é verdade quando dizemos que não nos importamos com o que os outros pensam.

O prestígio de alguém se forma da construção de opiniões sobre esse alguém em determinado meio.  E nem sempre significa que essa pessoa tenha um caráter que corresponda a ele.

Num tempo em que as evidências públicas são mais importantes que o caráter e as certezas pessoais, a promessa de construir uma autoridade digital quase do zero, parece encher os olhos de muita gente.

Uma pessoa muito empenhada em tornar-se conhecida e influente necessariamente não é mais digna que qualquer outra, mas os meios digitais prometem a ela um conceito satisfatório se ela fizer uso das ferramentas certas.

Não é difícil concluir que essa facilidade pode ser bem mais útil aos impostores do que aos honestos autênticos.

No mundo digital, ou você pensa ou é pensado; ou planeja ou é planejado. Em nenhum outro contexto essa máxima é tão verdadeira quanto ali. Ou você é o vendedor, ou é o produto sendo vendido.

E isso quer dizer que estamos em apuros, pois não basta ter a consciência tranquila por ter feito o seu melhor, é preciso comprovar publicamente.

O problema é que a comprovação sempre requer pagamento.

Nunca houve e nunca haverá quem seja exclusivamente louvado ou exclusivamente criticado, e o normal de cada ser humano é não ser uma unanimidade. Nossa integridade não pode depender das críticas e honras que recebemos.

Devemos permitir que as pessoas cheguem às conclusões que quiserem, pois essas conclusões são delas e tem mais a ver com elas do que conosco.

São João Crisóstomo em seus sermões dizia que é mais fácil um homem renunciar a seu dinheiro e seu poder do que a sua reputação.

E as redes sociais estão aí para aproveitar essa verdade ao máximo.  Elas fazem parecer simples construir e manter uma imagem pública, mas não é bem assim.

Quem assistiu ao filme A Rede com Sandra Bullock na década de 90, pôde ver um prenúncio do poder que os meios digitais têm de destruir a vida de uma pessoa.

Hoje em dia, nossos perfis determinam nosso lugar de fala, restringindo nossa autoridade em diversos assuntos, principalmente nas entrelinhas do que não está escrito.

Além disso, o algoritmo transforma nossos discursos em salada de palavras e apenas as classifica como positivas ou negativas. Se elas são usadas no contexto de raiva, ele pode determinar que uma pessoa está com raiva quando usa essas palavras.

E se dá o direito de punir e recompensar com base no que concluiu, tomando decisões que podem destruir a presença das pessoas na rede social, sem qualquer direito à defesa, mesmo quando ele está errado.

A rede social é como um grande galinheiro, apenas joga-se o milho e registra-se como as aves se comportam perante o milho jogado.

Não existe o direito ao meio termo. Somos como galinhas: ou comemos ou não comemos o milho, curtimos ou não curtimos. E como seres desumanizados não podemos refletir ou opinar de forma complexa.

Nossas reflexões são apenas como piar alto, piar baixo ou não piar

Enfim as qualidades universais são melhores para falar sobre quem somos.

Nós merecemos um meio de discussão à nossa altura, mas à medida que virtualizamos nossas interações, principalmente fazendo uso das redes sociais, também renunciamos ao que nos caracteriza como seres humanos.

Será que a construção de nosso caráter em detrimento dessa reputação vai caber no universo restrito que estamos ajudando a construir com tanto empenho?

 

Porque precisamos de um propósito de vida

Propósito de vida

Propósito de vida

Estar alinhado com um propósito de vida não é para qualquer um, afinal há uma luta constante entre o que sonhamos e o que está sendo sonhado para nós.

E se não planejamos nossa vida, seremos incluídos no projeto de outras pessoas. Não será fácil vencer essa guerra, pois as estruturas montadas para nos recrutar são poderosas.

O mundo em que vivemos é liderado pelo Ego e pela luta pela sobrevivência. Portanto, é liderado pelo peso das maiorias e das “razões incontestáveis” que são difíceis de confrontar, como a necessidade de sobreviver e sermos protegidos.

Porém para conseguirmos o que precisamos, há competições que precisamos vencer. E nelas, somos controlados pelo medo de perder o jogo.

Se aceitamos todas as regras, é a posição mais baixa das hierarquias que nos é ofertada em troca da promessa de sucesso que raramente se cumpre.

A favor de nossos sonhos, temos uma parte de nosso ser que permanece adormecida e embriagada pelas prioridades do Ego. É o que chamamos Self.

Tanto o Ego quanto o Self são partes do “Eu”, porém eles representam dois mundos opostos dentro de nós.

O Ego permanece restrito ao material e a sobrevivência, e o Self recebe um campo de consciência maior, representando nossa natureza divina e nossa conexão com o universo superior.

O propósito de vida e as encruzilhadas.

Dentre os momentos em que podemos fazer escolhas, a adolescência é a fase em que estamos mais frágeis, e é justamente quando estamos mais sujeitos à influência alheia. É nesse momento que os exércitos selecionam e treinam seus soldados.

Há sujeição ao medo e forças muito sedutoras atrás de estruturas que já mostram sua força de influência no poder de decisão do jovem.

Nessa época, dificilmente entendemos do que se trata nossa missão nesse mundo. E é quase impossível fugir do que planejam para nós.

Entretanto, somos sempre atravessados pela pressa em nos posicionarmos nas hierarquias mundanas e sequer temos tempo para compreender o que somos de verdade.

Mas precisamos nos conhecer para saber o que fazer da própria vida, pois somos diferentes e únicos e cada um de nós tem uma palavra única que precisa ser dita.

O autoconhecimento é um caminho espinhoso e nem sempre é possível nos conhecermos a tempo das principais escolhas, mas é importante não esquecer: nem sempre conseguimos escolher qual trabalho teremos, mas é possível escolher como vamos realizá-lo.

Muitas vezes temos uma boa família, carreira e um emprego bem remunerado, mas permanecemos tristes, adoecendo, e nossa vida se mostra incompleta.

Então o sofrimento aparece e uma luta se trava dentro de nós trazendo insatisfação e rancor, que denunciam nosso desalinhamento com nossos sonhos originais.

Para seguir em frente no caminho, é preciso mover uma energia imensa para descobrir o que está escondido em nós.

Mas o clamor do corpo prepondera sobre o clamor da alma, e a necessidade de manter o sustento nos desvia de realizar nossos sonhos. Então cedemos ao medo de fracassar e nos escondemos atrás da busca pelo material.

O medo é positivo, mas a arrogância de se achar bem-sucedido dá uma excelente desculpa para não crescer como ser humano.

Entretenimento, antidepressivos e sucesso na carreira são ópios que servem ao pequeno “Eu” e não resolvem a angústia que continua no mesmo lugar.

Quem conhece esse sentimento sabe que é difícil fugir dele. Mas quem não conhece, pode achar que está tudo bem e que a angústia é só uma doença.

Será que estamos alinhados ao nosso propósito de vida? Se estamos em paz e satisfeitos com o que estamos oferecendo ao mundo, talvez a resposta seja sim. Ou talvez ainda não tenhamos acordado.

 

A Ketamina no tratamento da depressão

A Ketamina no tratamento da depressão
A Ketamina no tratamento da depressão
 

Vamos conhecer um pouco sobre a Ketamina, um medicamento que pode representar uma mudança de paradigma no tratamento da depressão.

Este medicamento foi inicialmente desenvolvido como anestésico e é conhecido por seu efeito dissociativo. Tem sido estudado e utilizado em uma variedade de contextos médicos e terapêuticos, pois sabe-se que ele promove um aumento da liberação de neurotransmissores relacionados à melhora de humor.

Ele age bloqueando os receptores de glutamato (chamados NMDA), o que resulta em um aumento na liberação de outros neurotransmissores, como a dopamina, a noradrenalina e a serotonina.

A droga consegue induzir efeitos antidepressivos rápidos, muitas vezes em questão de horas após a administração, em comparação com os tratamentos convencionais que podem levar semanas para mostrar resultados. Além disso, o efeito pareceu ser duradouro.

Sabemos que com doses um pouco maiores podem aparecer experiências perceptivas descritas como “psicodélicas”, e é essa a causa da utilização recreativa da droga.

Entretanto, esses efeitos são bastante peculiares, levando o paciente a um estado que pode ser chamado de experiência mística.

Esse estado traz vivências que deixam impressões importantes no paciente mesmo tempos depois de encerrado o uso.

Muitos pesquisadores que trabalham uma linha mais aberta, recomendam que essas vivências sejam estudadas com o paciente durante sessões de psicoterapia.

Porém, o estudo direto dessas experiências é de acesso difícil à ciência formal, seja por falta de protocolos adequados, ou por falta de interesse comercial.

A dificuldade não está apenas em criar parâmetros que possam acolher os padrões da experiência, mas também em enfrentar a egrégora criada contra esse tipo de substância.

Alega-se que as drogas psicodélicas podem instaurar quadros psicóticos graves e irreversíveis em algumas pessoas.

Entretanto, pacientes tratados de forma psicodinâmica em ambientes assistidos por profissionais, referem grandes progressos e melhora de seus sintomas.

Para a ciência, as alucinações são apenas sintomas patológicos, mas muitas experiências relatadas comprovam que existem alucinações que são verdadeiras experiências de vida, fornecendo insights e aprendizados poderosos.

Portanto, seja qual for a natureza dessas experiências, podem trazer benefícios ao paciente se tiverem acompanhamento adequado.

Ketamina e Tratamento da Depressão

Alguns pesquisadores entendem que os efeitos psicodélicos são os principais componentes terapêuticos da abordagem com o medicamento.

Entretanto, melhorar os sintomas da depressão pode ser considerado um objetivo mais fácil de ser alcançado.

O candidato à terapia precisa ser cuidadosamente avaliado, tanto clinicamente quanto sob o ponto de vista psíquico, e deve ter claro se deseja apenas eliminar seu desconforto ou se deseja ir mais a fundo em suas motivações inconscientes.

A dissociação e os efeitos psicodélicos podem fornecer insights e experiências poderosas, mas eles também podem ser fonte de elevada angústia para algumas pessoas, o que não é possível prever.

Dentro da psicofarmacologia, para um medicamento ser aprovado, ele precisa ter efeitos objetivos dentro da tríade Doença-Diagnóstico-Tratamento.

Ou seja, antes do medicamento existir, é preciso uma definição prévia da doença que ele vai tratar. E é preciso definir o que é efeito desejado e o que é efeito colateral.

No caso, o objetivo é a melhora dos sintomas descritos no DSM V para depressão, enquanto os efeitos psicodélicos vão continuar sendo apenas efeitos colaterais.

O resultado se assemelha aos efeitos da beberagem de Ayahuasca e Santo Daime, mas acessar a base terapêutica dessas experiências ainda é um tabu na comunidade científica, pois o fenômeno alia subjetividade a um fenômeno de caixa-preta.  E não temos como abordar isso.

Por ora, já é um grande avanço ver o tratamento com Ketamina ser paulatinamente aceito na abordagem da depressão. Mas é preciso ir mais a fundo nos seus fenômenos psicodélicos, pois é o que parece ser a melhor solução.

 

As controvérsias no diagnóstico da Esquizofrenia

As controversias no diagnostico da esquizofrenia

As controversias no diagnostico da esquizofrenia

Quando se trata do diagnóstico da esquizofrenia, os médicos e pesquisadores enfrentam um obstáculo complexo, pois as definições e critérios semânticos surgiram antes de qualquer comprovação orgânica de doença.

Sabemos que isso ocorreu para encarcerar o que chamaram “erro sensorial” em um estigma de anormalidade.

A esquizofrenia é mais um consenso que uma entidade nosológica, e isso ocorre porque as alucinações e delírios são expostas como vivências reais e muitas vezes tão ricas em detalhes que parecem ter sido realmente vividas.

Há uma clara falta de capacidade do acometido em lidar com as ocorrências, e não existe correlação entre dano neurológico e a espécie do sintoma.

Por exemplo: Quando o paciente nega ou rejeita partes do próprio corpo como se não fossem dele, há clareza da ocorrência de dano neurológico. Entretanto um paciente ter longas conversas com o avô falecido, não indica um endereço específico para a lesão anatômica.

A ciência médica fez muitas descobertas, porém até hoje não encontrou o que seja característico da esquizofrenia.

Como afirmamos, o conceito em si precedeu as descobertas que caracterizam outras patologias neurológicas. E ainda hoje ela permanece sem enquadramento.

O diagnóstico da esquizofrenia

Não existem exames de sangue ou de imagem que nos deem direção diagnóstica sobre a Esquizofrenia, portanto o parecer sobre a condição é essencialmente clínico.

Mesmo o exame clínico se utiliza de dados subjetivos, que são obtidos da aplicação de escalas de verificação de sintomas. Não existem exames complementares que possam ser pedidos.

Apesar de existirem muitas pesquisas indicando correlação positiva, solicitar um exame de imagem do cérebro não serve nem para o diagnóstico, nem para o acompanhamento da doença, bem como não ajuda no prognóstico da condição em si.

A base para o diagnóstico é dada pela verificação de sintomas subjetivos por um observador que fará uma avaliação igualmente subjetiva.

Portanto, ainda permanece um desafio encontrar métodos eficazes para medir a isenção e a empatia do examinador, pois um juízo mal aplicado pode prejudicar o paciente.

Correlacionar corretamente todos esses dados, em sua maioria subjetivos, é tarefa difícil e suas conclusões ou são puramente estatísticas ou são reduzidas a uma questão de opinião.

A questão do examinador

Portanto, o ponto mais subjetivo e complexo do processo é, sem sombra de dúvida, o examinador.

Enquanto ele tende a colocar toda e qualquer experiência de alucinação no mesmo saco, passa a ter pouca capacidade de qualificar com segurança a gravidade do quadro que está avaliando.

Ele vai tender a se apoiar mais em nomenclaturas do que no bom senso, deixando de lado aspectos psicodinâmicos do paciente.

Nesse caso, cabe lembrar a existência de outras condições que apresentam fenomenologia similar.

Se compararmos os sintomas das psicoses com outros estados alterados da consciência, como o estado secundário ao uso de drogas alucinógenas e as experiências de quase morte (EQM), verificamos que se trata do mesmo fenômeno sensorial.

Porém o examinador desqualificado pode conseguir agrupá-los no mesmo guarda-chuva da Esquizofrenia.

A subjetividade das escalas passa de modo perigoso por essas experiências, principalmente ao considerar os critérios diagnósticos do DSM-V.

A própria ciência costuma tratar a subjetividade como irrelevante, mas no caso do diagnóstico da esquizofrenia, não deixa de usá-la porque lhe convém, e todas as margens de dúvida são ignoradas.

Além disso, a própria definição das doenças está sujeita a dúvidas. Pois o diagnóstico psiquiátrico é influenciado pelas ideologias da época em que é praticado.

Chegamos a um ponto onde não duvidamos mais se a esquizofrenia é mesmo uma doença, e sequer nos perguntamos o que é um diagnóstico ou o que é uma doença.

Enfim, nossa prática psiquiátrica nos deixa plenos de certezas, tendendo a ignorar a marginalidade e a dúvida. E infelizmente, dessa quase onipotência, poucos querem abrir mão.

 

 

A Esquizofrenia tem cura?

A esquizofrenia tem cura?

 

A esquizofrenia tem cura?

A Esquizofrenia tem cura? Depende… A insistência em encontrar causas orgânicas para a Esquizofrenia pode reduzir a possibilidade de uma abordagem mais humana da condição.

E é importante lembrar que não existe um exame, seja de laboratório ou de imagem, cujo resultado positivo seja específico da doença. Entenda melhor neste artigo.

A abordagem terapêutica pode responder se a Esquizofrenia tem cura

Talvez pela angústia causada por alucinações e delírios, já se parte para a aplicação de medicamentos logo após o diagnóstico.

E quase sempre teremos que mantê-los por conta da pressão social, familiar e para proteger o próprio paciente quando os sintomas prejudicam sua qualidade de vida.

Por isso, é sempre importante o quanto a equipe de saúde mental e o paciente conseguem suportar os sintomas.

Muitas vezes, a dose de medicamentos poderia ser menor, e em outras situações, acabam levando o paciente a um estado de adição.

Assim sendo, a presença de uma rede de apoio é imprescindível e deve envolver o bom senso da equipe de saúde mental e familiares no sentido de manter o equilíbrio do paciente.

Aspectos disruptivos

Os portadores dessa condição têm acesso a um mundo cuja porta é trancada para a maioria de nós.

Nós ainda não sabemos o que tem do lado de lá dessa porta.  E talvez ela não possa ficar aberta o tempo todo.

O que sabemos é que a cura tem a ver com descobrir o que a esquizofrenia representa para cada paciente.

Buscar relatos de outras pessoas com a mesma condição, pode ajudar neste caminho.

Alguns deles como Megan Fox, Tom Hardy e John Nash Jr. aprenderam a compreender os desafios e as vantagens dessa condição. E, felizmente para eles, tiveram apoio para tirar proveito disso.

Outros, não tão famosos, tem histórias que também podem ser encontradas.

Uma boa dica é buscar monografias de Filosofia que falem sobre a condição da esquizofrenia. Muitas delas são de autores com este diagnóstico e valem muito a pena serem lidas!

Enfim, todos merecem saber que suas vidas, mesmo em presença dessa condição, podem tomar um rumo satisfatório.

No que refere às alucinações, delírios e alterações do afeto, precisamos aprender a respeitar e ir a fundo no que esses fenômenos representam para o paciente.

E devemos fazê-lo com cuidado, pois a presença desses sintomas, por si mesma, cria estigmas que impedem que se queira falar muito sobre isso, mesmo em ambiente terapêutico.

Se a Equipe de Saúde Mental olhar para esses relatos com olhos de criança (olhos curiosos e sem preconceito) todos sairão ganhando.

A Dra. Nise da Silveira descobriu a qualidade maravilhosa da arte que pode atravessar a esquizofrenia, mas mesmo ela, como médica, não conseguiu observar uma remissão completa dos sintomas em seus pacientes.

O que sabemos é que, como acontece em outras condições especiais, a cura passa pela Reabilitação, se for uma condição crônica, ou Habilitação, se for um diagnóstico inicial.

E foi assim que a Dra. Nise acabou firmando as expectativas de sua Terapia com Arte.

Aqueles que quiserem conviver minimamente com esse lado desconhecido, mas que pode ser absurdamente criativo, podem enfrentar uma redução das doses com apoio profissional.

A Esquizofrenia é uma condição com a qual o paciente precisa aprender a conviver, pois ela é parte do que ele é.

Muitas pessoas com esquizofrenia podem levar vidas produtivas e satisfatórias, se tiverem acesso a uma rede de apoio contínuo.

Cabe a cada pessoa da Equipe de Saúde Mental, da família e da sociedade como um todo, dar condições para o paciente descobrir sozinho se a esquizofrenia tem cura ou se para eles nem chega a ser uma doença.

 

 

Antidepressivos tiram os sentimentos?

Os antidepressivos tiram os sentimentos

Os antidepressivos tiram os sentimentos
 

Antidepressivos tiram os sentimentos? Sabemos que a abordagem medicamentosa é  a escolha mais fácil, mas pode ser também a mais prejudicial.

Esses medicamentos costumam demorar algum tempo para iniciar seus efeitos. E, na maioria dos casos, os pacientes já chegam ao psiquiatra com alta expectativa por um alívio rápido e completo de sintomas.

Então, por conta dessa ansiedade, os médicos prescrevem também ansiolíticos (medicamentos para aliviar a ansiedade ou facilitar o sono) em conjunto, para aliviar o paciente nesse início de tratamento.

Muitos médicos, de acordo com suas experiências, fazem uma verdadeira alquimia entre diversas marcas e categorias de remédios com objetivo de obter o nível desejado de efeito, que varia de paciente para paciente, mas que quase sempre levam a uma ação mais rápida.

Os componentes da depressão

O componente orgânico da depressão inclui desconforto físico caracterizado por palpitações, tremores, inquietação, sudorese e uma série de outros sintomas.

Mas o componente emocional, mais complexo, se refere a questões profundas da pessoa, que não podem ser atingidas pela droga, como a insatisfação com aspectos da própria vida, falta de motivação e dúvidas existenciais.

Então, por mais que os medicamentos promovam alívio das sensações físicas, não podem atingir questões de natureza mais elevada.

É como trancar um cão furioso que te ameaça no próprio quintal: Você sabe que ele não vai te morder enquanto estiver preso, mas ele continua ali, furioso e você ouve seus latidos de longe.

As frustrações não serão resolvidas pelos antidepressivos, e mesmo que latentes e anestesiadas pelos medicamentos, elas continuam lá.

Assim como as frustrações, os sentimentos da pessoa são como o cão preso. Pode-se eliminar as emoções relacionadas ao incômodo de sua presença, mas ele está sempre ali.

Antidepressivos e o Efeito de Anestesia

Na prática, o tratamento medicamentoso promove um grau variável de anestesia das percepções do paciente.

Portanto, a pessoa em tratamento medicamentoso não se torna menos triste ou menos aborrecida, mas ganha indiferença sobre as questões existenciais que a atormentavam.

Assim, durante o uso do medicamento, as pessoas passam a não se importar tanto com a situação de vida que era fonte de angústia.

Essa indiferença inclui não se interessar em conhecer melhor a si mesmas; não buscar fontes de prazer; não tentar fazer as coisas de um jeito diferente ou não mudar o rumo da própria vida; continuando a fazer tudo do mesmo jeito por inércia ou por comodidade.

Entretanto, o tratamento medicamentoso ainda é indicado para quem precisa reduzir o desconforto físico das crises.

Para acabar com a depressão sem correr o risco de ficar anestesiado, ganhar peso e ainda ter outros efeitos colaterais é bom não tentar se apoiar apenas nos medicamentos.

Ou o que deveria ser um tratamento de apoio por curto período, acaba se transformando no elemento terapêutico principal.

Não adianta ir atrás de remédios de última geração, pois mesmo que possam ter menos efeitos colaterais, o efeito da anestesia existencial sempre vai existir, e vai favorecer o paciente a protelar ações importantes sobre a própria vida. E isso inclui o desejo de efetuar mudanças positivas e manter sua saúde em nível aceitável!

Então, concluímos que as melhores abordagens para a depressão passam tanto por escolher corretamente os medicamentos, o que deve ser decidido entre médico e paciente, quanto investir em terapias que promovam autoconhecimento, aumentar o nível de autocuidado e replanejar o que não está indo bem na própria vida.

Agora sobre responder se os antidepressivos tiram os sentimentos, sabemos que dão anestesia sobre as dores existenciais, mas os sentimentos que promovem essas dores continuam no mesmo lugar.