Antidepressivos tiram os sentimentos?

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Os antidepressivos tiram os sentimentos
 

Antidepressivos tiram os sentimentos? Sabemos que a abordagem medicamentosa é  a escolha mais fácil, mas pode ser também a mais prejudicial.

Esses medicamentos costumam demorar algum tempo para iniciar seus efeitos. E, na maioria dos casos, os pacientes já chegam ao psiquiatra com alta expectativa por um alívio rápido e completo de sintomas.

Então, por conta dessa ansiedade, os médicos prescrevem também ansiolíticos (medicamentos para aliviar a ansiedade ou facilitar o sono) em conjunto, para aliviar o paciente nesse início de tratamento.

Muitos médicos, de acordo com suas experiências, fazem uma verdadeira alquimia entre diversas marcas e categorias de remédios com objetivo de obter o nível desejado de efeito, que varia de paciente para paciente, mas que quase sempre levam a uma ação mais rápida.

Os componentes da depressão

O componente orgânico da depressão inclui desconforto físico caracterizado por palpitações, tremores, inquietação, sudorese e uma série de outros sintomas.

Mas o componente emocional, mais complexo, se refere a questões profundas da pessoa, que não podem ser atingidas pela droga, como a insatisfação com aspectos da própria vida, falta de motivação e dúvidas existenciais.

Então, por mais que os medicamentos promovam alívio das sensações físicas, não podem atingir questões de natureza mais elevada.

É como trancar um cão furioso que te ameaça no próprio quintal: Você sabe que ele não vai te morder enquanto estiver preso, mas ele continua ali, furioso e você ouve seus latidos de longe.

As frustrações não serão resolvidas pelos antidepressivos, e mesmo que latentes e anestesiadas pelos medicamentos, elas continuam lá.

Assim como as frustrações, os sentimentos da pessoa são como o cão preso. Pode-se eliminar as emoções relacionadas ao incômodo de sua presença, mas ele está sempre ali.

Antidepressivos e o Efeito de Anestesia

Na prática, o tratamento medicamentoso promove um grau variável de anestesia das percepções do paciente.

Portanto, a pessoa em tratamento medicamentoso não se torna menos triste ou menos aborrecida, mas ganha indiferença sobre as questões existenciais que a atormentavam.

Assim, durante o uso do medicamento, as pessoas passam a não se importar tanto com a situação de vida que era fonte de angústia.

Essa indiferença inclui não se interessar em conhecer melhor a si mesmas; não buscar fontes de prazer; não tentar fazer as coisas de um jeito diferente ou não mudar o rumo da própria vida; continuando a fazer tudo do mesmo jeito por inércia ou por comodidade.

Entretanto, o tratamento medicamentoso ainda é indicado para quem precisa reduzir o desconforto físico das crises.

Para acabar com a depressão sem correr o risco de ficar anestesiado, ganhar peso e ainda ter outros efeitos colaterais é bom não tentar se apoiar apenas nos medicamentos.

Ou o que deveria ser um tratamento de apoio por curto período, acaba se transformando no elemento terapêutico principal.

Não adianta ir atrás de remédios de última geração, pois mesmo que possam ter menos efeitos colaterais, o efeito da anestesia existencial sempre vai existir, e vai favorecer o paciente a protelar ações importantes sobre a própria vida. E isso inclui o desejo de efetuar mudanças positivas e manter sua saúde em nível aceitável!

Então, concluímos que as melhores abordagens para a depressão passam tanto por escolher corretamente os medicamentos, o que deve ser decidido entre médico e paciente, quanto investir em terapias que promovam autoconhecimento, aumentar o nível de autocuidado e replanejar o que não está indo bem na própria vida.

Agora sobre responder se os antidepressivos tiram os sentimentos, sabemos que dão anestesia sobre as dores existenciais, mas os sentimentos que promovem essas dores continuam no mesmo lugar.


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